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DEMÔNIO, A QUEDA - introdução ao cenário (Capítulo 07)

Foto do escritor: Vale Das TrevasVale Das Trevas

 

    Ainda é dia 05 de agosto, ufa!

          Como sempre, eis mais um capítulo da história de Tural, baseado no cenário de RPG de "Demônio, A Queda"! A ideia continua a mesma: apresentar o cenário de forma leve e divertida, tentando explicar os conceitos apresentados no livro básico.

          Se você está chegando agora, eu te convido a ler desde o primeiro capítulo, para compreender o desenvolvimento da história, da personagem e das palavras usadas. (Os links estão no final deste capítulo). No mais, vale lembrar que este é um texto feito por uma fã (euzinha, Morrigan Ankh!) e que não há qualquer intensão além de prestar homenagem ao cenário.           Bora lá!?

          ********** 07.ASCENSÃO [Poder] O leite estava azedo. Olhou a caixa com uma expressão de nojo, fechou e jogou no lixo. Abriu outra e produziu duas xícaras de café com leite. Concluiu a construção da mesa de café da manhã com torradas e trouxe a mãe para comer. Tural, na verdade, estava cogitando que precisava ver Patrício. O Caído havia conseguido realizar um vínculo duradouro com o homem, mas Pactos precisavam de manutenção, de lembrança. Terminou o desjejum e saiu de casa. Patrício era uma pessoa cheia de problemas proporcionais a sua condição, muitas coisas poderiam dar errado e levá-lo a não considerar sua associação a Tural, ou melhor, a Débora, como algo importante. Os mortais tinham crenças voláteis. Da mesma forma que acreditavam numa personagem de cinema, podiam idolatrar um aparelho de celular como o centro de suas vidas e, bem, a Religião era uma área com cada vez menos adeptos de coração O que sobraria para um pobre Anjo Caído recém-chegado? Propaganda era a alma do negócio. Presença. Desde que Patrício saíra da internação, Tural tentava estar por perto, tentando evitar que ele tivesse recaídas. Era cedo para colocar um celular nas mãos dele, mas ainda podia alimentar o vício por cigarros e algumas responsabilidades (como companhia para caminhadas no bairro e espionar o movimento na vizinhança). Encontrou o homem fumando no mesmo banco de praça em que o salvara. Já não parecia o maltrapilho que encontrara naquela noite: barba raspada, cabelo louro curto e limpo, roupas simples, sem cheiro de podridão. Nos últimos dias, com uma ou outra exceção, Patrício contava à Débora, tudo o que sabia do bairro: quem recebia um amante, quem gastava dinheiro em bingo, quem mais passava tempo na rua fofocando, as pessoas que não tinham horários fixos, quais pessoas que eram perigosas para tentar assaltar, quais eram fáceis demais, que locais eram esconderijos para evitar, que locais eram absolutamente tranquilos para ficar, etc. Era realmente incrível a quantidade de coisas que se podia aprender quando as pessoas deliberadamente não enxergavam você. - Patrício, eu tenho que ser sincera com você. Tô precisando de mais ajuda nesse momento. - Tural disse deixando uma pequena pausa para a informação fisgar o interesse do mortal entre um cigarro e outro. - Só falar! Eu sou o cara pra senhora! Seu braço direito! - e deu mais uma tragada. - Bem, eu preciso fazer mais amigos. Pensei nos seus conhecidos da rua. Não posso prometer que vou conseguir a mesma trajetória que você e eu conseguimos, mas posso tentar fazer alguma coisa. Você sabe que eu posso, que gosto de cumprir minhas promessas. A questão é que Tural precisava de mais olhos e conexões com as quais zelar por seu território. Quanto mais mortais por perto, ou melhor, a sua volta, mais as chances disso acontecer. Mais pactos, talvez. Mas precisava de Patrício para fazer o contato inicial com esse submundo próprio do bairro. Débora era uma mulher comum, não tinha fama, nem influência na sociedade mortal. Seus recursos eram limitados por um salário de uma “quase enfermeira”, atual cuidadora. Ainda, Débora não era um rosto conhecido nas ruas, se não tentassem machucá-la novamente, poderiam simplesmente ignorá-la; muito tempo e energia perdidos. Precisava de contatos. - A senhora não deve tá falando sério… - Tô, sim. Bem sério. Acontece que os planos, agora, precisam de mais pessoas. Você continua comigo, isso não mudou, mas nós vamos precisar de mais mãos, e braços, e olhos. - e o demônio deu uma piscada de olho bem-humorada para Patrício – Por isso, você é o cara certo para começar tudo. Preciso que você escolha pessoas de confiança para os futuros planos. Vamos começar com algo pequeno, umas duas, ou três pessoas… O que acha? Ele parecia completamente sem palavras, olhando Débora. Tural achava que podia adivinhar o que se passava na mente dele: “Essa mulher é louca!” ou “Deve ser brincadeira, ela não pode querer contato com mais gente como eu!” ou “Agora, eu vou acordar atrás do banco da praça e descobrir que continuo ferrado e tudo foi uma viagem doidona das drogas!”. - Patrício, oi! Acorda! - Tural estalou os dedos em frente ao rosto do mortal. - Você me escutou? É sério! Preciso saber se você vai ajudar, ou não, porque, daí, eu vou ter que achar alguém que faça isso pra mim. - Não! Eu faço! Eu faço! Tural sorriu por dentro, Débora sorriu por fora. O demônio, ou Anjo Caído, pois às vezes se via como um, às vezes como o outro, ainda não tinha certeza sobre revelar sua Forma Apocalíptica, sua verdadeira forma na Criação, para o mortal. Em sua mente, Tural ainda considerava Patrício frágil demais para contemplar toda a parcela divina contida no seu verdadeiro eu, preferindo fazê-lo acreditar que era apenas uma mulher com um coração de ouro em seu caminho. Estava ciente dos efeitos de Revelação sobre os mortais, poderia dar certo e ter alguém a seu lado, mas poderia danificar a mente para sempre. Não é que sua Forma Apocalíptica fosse alienígena, ou algo assim; os Anjos da Forja, com o “Mummu, o Semblante da Forja”, sim, poderiam ser assustadores com seus corpos imensos, iguais a ferro fundido e lava viva; mas seu Semblante chamado de “Dagan, o Semblante do Despertar” ainda era divino demais para uma mente humana. Pensando bem, qualquer Forma Apocalíptica poderia assustar um humano. Por mais que um Anjo fosse de uma Casa, sua Forma Apocalíptica era baseada em sua Doutrina Primária, ou seja, a forma do Anjo era moldada para uma determinada função. Cada Casa tinha em torno de três Doutrinas próprias para desempenhar suas funções, mas para que cada Anjo pudesse desempenhar seu papel com maestria, deveria ser especializado em uma dessas vertentes. Tural fora constituído para curar e preservar a vida (Doutrina do Despertar). Sua Forma Apocalíptica se baseou na Doutrina do Despertar, logo, sua aparência final, se tornou “Dagan, o Semblante do Despertar”. Visualmente, era uma espécie de versão melhorada de sua versão mortal, emitindo uma aura mais calorosa, cheia de vitalidade e graça, podendo realizar coisas com mais dinamismo, velocidade e força… E asas semelhantes a asas de corujas. Não que esse detalhe fosse de todo especial, da mesma forma como haviam inúmeras espécies de corujas, haviam inúmeros Anjos com o Semblante de Dagan, cada um cuidando de sua missão nos dias antigos. Pensando melhor nisso, Tural deveria exercitar mais seu Legado para lembrar mais coisas do passado e atingir mais poder pessoal. Ficar esperando todas as noites até Dona Adelaide dormir para praticar as Doutrinas e habilidades na privacidade do quarto de Débora era pouco produtivo, ao passo em que adulterar as refeições noturnas da velha mulher não pareciam ações justas também. Ele queria evoluir, quem sabe, resgatar uma boa parte do que foi no começo do mundo, mas fazer isso estava começando a colocar sua moralidade em conflito. Tural quase quebrou o abajur na primeira vez em que abriu suas asas, e quase arremessou um copo contra o vidro da janela ao tentar manipular o vento. Praticar Doutrinas e estudar suas memórias exigiam uma discrição e, ao mesmo tempo, uma liberdade que não pareciam encontrar equilíbrio na vida de quem mora com a mãe. - Bom, tá na minha hora! Vamos no mercadinho? Eu te pago mais uns cigarros. - disse fazendo um gesto para que o homem levantasse. No mercadinho do Seu Aires, comprou quatro caixas de leite, três maçãs e um maço de cigarros. - Eu não sou fã dos cigarros, mas trato é trato. Tá aqui. - entregou o maço, as maçãs e um litro de leite numa sacola – Só que eu espero que você coma direito também, viu?! Patrício apenas recebeu a sacola. Saíram do mercadinho e caminharam até a esquina. Era óbvio que ele já pensava em acender o primeiro cigarro do maço novo. Era óbvio que precisava ser lembrado de suas responsabilidades também. - Oh, Patrício! - a voz de Débora cortou a “anestesia mental” na qual seu cérebro estava entrando – Eu falei sério. Você e eu, nós dois precisamos que você agilize as coisas. Mais amigos. Fala com os teus conhecidos! - Nah, tá, eu falo, eu falo! - Outra coisa, amanhã e no dia seguinte, eu não vou poder vir. - e Tural baixou o tom como se fosse uma notícia grave. - Ué, mas por quê? - havia surpresa na voz de Patrício. “Será que eu fiz algo?” ele pensava enquanto esperava Débora falar. - Nada horrível, calma. Só tenho exame marcado no hospital nesses dias. Não posso perder, se não vão ser mais umas semanas esperando. - quem realmente precisava dos exames era Dona Adelaide, mas como Débora sempre a acompanhava, Tural não considerou isso, exatamente, uma mentira, mas, tampouco, quis dividir grandes informações com o recém-reabilitado. Tural estava com a mente a mil por hora. Sabia que Patrício tentaria fazer as coisas acontecerem, mas não sabia como ele se sairia e, a esta altura, o demônio precisava de mais vantagens, logo, fracassos não eram bem-vindos. ********** - Morrigan (Kami) Ankh Facebook: Pensando em RPG   Orkut: Pensando Em RPG Discord: Pensando em RPG Facebook: Amarelo Carmesim Blogger: Amarelo Carmesim @Vale das Trevas ******* CAPÍTULOS ANTERIORES *******

1) FUGA [do Abismo] --- Nome Verdadeiro, Nome Celestial, Abismo e Corpo Hospedeiro. 2) LEMBRANÇAS [Paralelas] --- Casa, Adão e Eva, Lúcifer, Gehinnon (a primeira cidade), Ressonância 3) RECOMEÇO [Legado] --- Legado, Surgimento da Humanidade, Duas Ordens do Criador, Ahrimal, Grande Debate, Semblantes, Consciência, Eminência, Os nomes de alguns Anjos Rebeldes importantes na história do cenário, Miguel 4) VINGANÇA [Justiça] --- Doutrinas, o fim da imortalidade da humanidade, Casa Flagelo, Doutrina do Despertar 5) REFLEXÃO [Cautela] --- Antecedentes (Fé, Contatos, Recursos), Pacto e Ceifar Fé


6) CIGARRO [Negociações] --- Pacto (investimento), Seguidor, Tormento

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