
O novo jogo da Cyanide Studios: Werewolf: the Apocalypse, Earthblood, ou Lobisomem: o Apocalipse, Sangue da Terra em uma tradução livre, é mais um dos jogos que vem na onda de adaptações do Mundo das Trevas para o universo gamer, assim como títulos anteriores, os quais podemos citar, Vampire: The Masquerade, Redemption; Vampire: The Masquerade, Bloodlines; Coteries of New York e Shadows of New York.
O cenário dos videogames era praticamente todo dominado por Vampiro até o lançamento do Jogo: Werewolf: The Apocalypse, Heart of the Forest, uma visual novel de lobisomem o apocalipse. Apesar do jogo ter uma história envolvente e ter muitos outros méritos, vários fãs do sistema, incluindo este aqui que escreve o artigo, gostariam de ver algo mais substancial e focado no combate, e é aí que o novo jogo entra.
Antes de mais nada gostaria de ressaltar que esta review apenas analisará o jogo enquanto uma adaptação de Lobisomem, e não de forma técnica sobre as mecânicas e gameplay, imagino que se procurarem encontrarão reviews pela internet que abordam isto de forma mais precisa, e são escritos por pessoas com mais competência do que eu para analisar estes elementos do jogo. O que proponho a fazer aqui é analisar, enquanto fã do RPG de mesa, se este jogo conseguiu ser fiel a Lore e os elementos chaves importantes no jogo de mesa. Gostaria de deixar claro que esta é minha opinião pessoal, não estou sendo pago para fazer vocês comprarem o jogo ou não comprarem e sintam-se livres para discordar do que vou escrever aqui. Devo avisar de antemão que essa review contém spoilers de algumas partes do jogo.
História
Primeiramente a parte da história, no jogo estamos no papel de Cahal Filin, um lobisomem Hominídeo, Ahroun da tribo Fianna. Durante uma operação para atacar a grande vilã do jogo, a corporação Endron, uma subsidiária da Pentex, o protagonista é forçado a deixar sua mulher Ludmilla, uma parente de Presa de Prata, entrar escondida dentro da instalação da empresa. No meio disso um Dançarino da Espiral Negra aparece e mata Ludmilla, fazendo Cahal sucumbir a Fúria, entrando em um Frenesi descontrolado e matando um de seus irmãos Garou. Por conta disso ele deixa sua matilha e vaga por cinco anos sozinho, para então ouvir o chamado de Gaia de novo e lutar contra a Wyrm.
Uma importante distinção a fazer é que muitas pessoas parecem achar que Cahal é um Ronin, que seria um Garou sem tribo, entretanto Cahal nunca foi excomungado por seus crimes, na verdade os crimes foram perdoados por seu alfa e também cunhado: Rodko dos Presa de Prata, pois seria um absurdo esperar que um lobisomem que viu sua esposa morrer não entrasse em frenesi. Fora isso ninguém menciona o termo Ronin no jogo, pelo menos nenhum personagem, é mais correto pensar em Cahal como um lobisomem sem matilha. Talvez a confusão seja por culpa dos desenvolvedores.
Mecânicas do RPG e Lore no Video Game
Cahal volta para seu Caern para descobrir que Endron está lançando ataques contra seu povo e portanto decide destruir a companhia de exploração de petróleo de uma vez por todas. Para fazer isso ele conta com um conjunto de habilidades de combate, furtividade e sua mudança de forma. O jogo dá ao jogador o controle sobre 3 formas: Hominídeo, Lupino e Crinos. Não há nem sinal das formas intermediárias Glabro e Hispo, mas o que é estranho é que podemos ver lobisomens em Hispo no jogo, o que me deixou muitas vezes com uma expressão de confusão no rosto. Além disso a única forma de combate é sempre Crinos, o que também é algo estranho, visto que lobisomens são proficientes em combate em todas as formas.
Outra coisa que talvez incomode jogadores veteranos é que alguns elementos da lore tiveram que ser adaptados para se adequar a mídia de videogame, um bom exemplo disso é que podemos observar Cahal muitas vezes falando com Espíritos, o que é incomum já que o Augúrio que fala com espíritos é Theurge e não Ahroun, apesar de ser possível aprender o Dom Linguagem Espiritual sendo um Ahroun. Fora isso a Umbra, apesar de estar presente no jogo, não é muito explorada o que é uma pena, porque isso bota a parte espiritual de lobisomem em escanteio.
Um elemento da lore do jogo que me causou certo estresse, pelo menos nas primeiras horas de jogo, é que os desenvolvedores parecem seguir uma certa interpretação da lore de lobisomem, apesar de ainda respeitarem grande parte da mesma. Jogadores veteranos do sistema talvez discordem de muitas atitudes tomadas pelo estúdio. Entretanto devemos lembrar que isto é uma adaptação e não uma cópia do jogo, então esse estranhamento pode ser facilmente resolvido. Um outro problema que surge disso é que por diversas vezes, se você já possui um conhecimento prévio do sistema, certas coisas ficam previsíveis demais.
Para os jogadores novos que não tem experiência com o jogo de mesa, o videogame não faz um trabalho tão bom quanto o esperado para introduzir novos membros na família do Mundo das Trevas. Sim, o jogo possuí documentos que explicam grande parte da lore de Lobisomem de forma resumida, entretanto muitas coisas são “jogadas” na cara do jogador sem muito contexto. O melhor exemplo disso é a parte onde o Dançarino da Espiral Negra mata Ludmila. Nós que já sabemos como o jogo funciona, sabemos o que é um Dançarino, porém várias pessoas ficarão sem entender o que são estes lobisomens e pensarão que é só mais um inimigo sem ter a devida importância dentro do mundo de lobisomem. Assim como os nomes de vários espíritos menores são atirados no jogador sem contexto algum como: Englings, Jagglings e Gafflings.
Agora o jogo possui muitos pontos positivos, grande parte da mitologia é respeitada pela história, e durante o combate podemos utilizar a mecânica da Fúria e ela funciona de fomra mutio similar à Fúria do RPG. Quando matamos um humano ganhamos Fúria, quando somos insultados também, e quando estamos em combate em Crinos também. Quando Cahal tem muita Fúria acumulada ele pode entrar em Frenesi, e funciona de forma bizarramente similar ao jogo de mesa também, ele fica muito poderoso porém difícil de controlar, e não pode usar suas outras habilidades de fúria. O jogo também apresenta a forma como lobisomens usam seus Parentes e humanos normais para atingir seus objetivos, e como certas tribos possuem rivalidades uma com a outra, o jogo faz um bom trabalho em introduzir as Tribos Presas de Prata, Fianna, Andarilhos do Asfalto e Garras Vermelhas. E é claro existem imensas áreas industriais para destruir e praticar aquele eco terrorismo saudável de lobisomem: o Apocalipse.
Considerações finais
Este jogo não é nem de longe um jogo revolucionário, honestamente, se não fosse a parte de Lobisomem o Apocalipse ele não seria nem um jogo bom. Jogar Earthblood esperando um jogo AAA é simplesmente uma hipocrisia imensa. O estúdio que produziu o game não é grande nem possui tantos recusos a disposição, contudo eles fizeram o trabalho de casa e tentaram entregar uma adaptação fiel ao universo do WOD, e posso dizer que em grande parte conseguiram. Muitas das críticas que são feitas ao jogo por conta de Design ou mecânicas realmente são corretas, o jogo é sim repetitivo e os controles e física são bem zoados. Todavia eu vejo muitas pessoas que nem sequer jogaram o jogo fazendo um trabalho para depredar um produto que mesmo que não seja o que estávamos esperando, tem sim seu mérito. Apesar disso tudo o jogo, de fato, está muito caro, custando cerca de 250 reais na playstation store, esse valor não vale o preço do jogo, especialmente porque o jogo é muito curto, sugiro esperar uma promoção porque o jogo vale a pena, pelo menos para mim valeu.
Yuri Ramos, O Precursor.
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